segunda-feira, 22 de março de 2010

Homeopatia e a Insuficiência Renal

Antes de falar da abordagem homeopática no tratamento da insuficiência renal, parece-me essencial dar uma pequena noção da importância destes órgãos para o bom funcionamento global do organismo.
Funções dos rins
Os rins têm a função de regular e purificar o sangue dos produtos residuais que transporta. A filtragem do sangue começa no fígado e acaba no rim.
O sangue precisa de ser constantemente filtrado, por isso a capacidade sanguínea dos rins é muito elevada (filtram cerca de 1 litro por minuto). Dado que o corpo possui cerca de 5 litros de sangue, os rins filtram em cada minuto cerca de 20% do volume sanguíneo.
É pelos rins que são eliminadas as substâncias em excesso e é regulado o equilíbrio hidro-salino do organismo.
Outra função importante dos rins é a regulação da acidez dos líquidos do organismo. Os rins também controlam o equilíbrio ácido-base do corpo, quando o sangue e os fluidos do corpo se tornam demasiado ácidos, ou demasiado alcalinos, a acidez da urina altera-se para que o equilíbrio seja restabelecido.
Para que o organismo funcione correctamente, é necessário que os líquidos que ele contém sejam neutros, se forem demasiado ácidos, os rins reagem eliminando ácidos na urina ou segregando bicarbonato.
Os rins têm também a função de produzirem hormonas, entre elas temos:
• a eritropoetina, que regula a produção e a libertação de glóbulos vermelhos pela medula óssea;
• a vitamina D é convertida pelo rim numa forma hormonal activa;
• a renina que é libertada pelo rim quando a tensão arterial baixa, actua sobre uma proteína no sangue para produzir angiostensina que é um poderoso constritor dos vasos capilares que contribui para regular a tensão arterial.
A angiostensina controla também a libertação da aldosterona, hormona produzida pelas supra-renais que actua sobre os tubos renais para promover a reabsorção do sódio e a excreção do potássio.
Quando se ingere água em excesso, o rim expele-a, mas quando se perde água (por exemplo, devido a uma diarreia ou transpiração) o rim conserva-a devido à acção da hormona antidiurética (HAD).
Esta hormona, (HAD) também chamada vasopressina, é uma hormona libertada pela parte posterior da hipófise e actua nos rins para aumentar a sua reabsorção de água, para o fluxo sanguíneo.
A filtragem do sangue
O sangue é filtrado nos pequenos vasos sanguíneos dos rins. Quando o sangue chega ao rim, está saturado de escórias (substâncias nocivas), como açúcares e fosfatos.
Dentro dos capilares renais, a pressão é de tal forma elevada que o sangue é comprimido contra as paredes vasculares que estão permeáveis aos fluidos, alguns produtos residuais podem atravessá-las. Estas substâncias são recolhidas e depois eliminadas na urina. Porém nem todos os produtos residuais conseguem atravessar as paredes vasculares.
As substâncias que o organismo necessita, como as proteínas e os glóbulos de sangue, não conseguem passar e são transportadas por via sanguínea para outros órgãos.
A glicose, os fosfatos e outras escórias, atravessam as paredes vasculares juntamente com os líquidos residuais. Esta mistura de resíduos e de líquidos é a primeira forma de urina (pré-urina).
A Urina
A urina é um líquido de cor amarelada eliminado pelo rim. É composta por água, que tem em solução matérias orgânicas que são matérias corantes, a urobilina, a ureia que é o produto resultante da destruição das substâncias proteicas e ácido úrico que também resulta da destruição dos albuminóides e inorgânicas que são os cloretos, sulfatos, fosfatos de sódio, potássio e magnésio.
Quando a urina flui nos canais, os rins retêm uma parte das substâncias que ela contém, como a água, a glicose e os fosfatos. O organismo pode reutilizar estas substâncias sendo novamente introduzidas no sangue. Só os produtos residuais são eliminados com a urina.
Algumas hormonas regulam a capacidade dos rins em absorver água, glicose e fosfatos eliminados com a urina, a mais importante é a HAD, a hormona antiduirética, que controla a secreção da urina. Quando se bebe muito, o corpo elimina o excesso de líquido aumentando a produção de urina. Pelo contrário, se o fornecimento de água é insuficiente, a secreção de HAD aumenta o volume e a urina diminui.
A glândula supra-renal segrega outra hormona, a aldosterona, que regula a retenção renal de alguns sais presentes na urina, como o sódio e a glicose, que é reabsorvida pelos rins e transportada novamente pelo sangue.
No entanto, os rins só podem recuperar uma quantidade limitada de glicose; se a urina contém demasiada glicose, a quantidade em excesso terá que ser eliminada.
Acidez do sangue
A regulação da acidez é outra função importante do rim. O sangue deve ser totalmente neutro. Se a acidez do sangue aumenta, os rins eliminam os ácidos através da urina.
Para o bom funcionamento renal, o sangue deve ser rico em glóbulos vermelhos, que se formam na medula óssea. Para isso, os rins segregam a eritropoetina, hormona que regula a produção e libertação glóbulos vermelhos pela medula óssea. Os sinais enviados pela eritropoetina à medula estimulam-na, regulando a quantidade de glóbulos vermelhos do organismo. Um funcionamento defeituoso dos rins pode causar uma anemia.
Equilíbrio Hidro-salino
A água representa cerca de 65-70% do peso corporal de um indivíduo.
É na água que estão dissolvidos sais minerais, açúcares e outras substâncias nutritivas. Serve para transportar as substâncias nutritivas vitais e todas as células do organismo, que sem água não seria capaz de funcionar. Pode atravessar todas as membranas do corpo e está presente em todas as células.
Há dois compartimentos líquidos distintos: o intracelular e o extracelular. O intracelular representa cerca de 45% do peso corporal e o extracelular, que é constituído pelo plasma sanguíneo e linfa, o líquido cefalorraquidiano, os líquidos sinoviais que lubrificam as articulações, o corpo vítreo no interior do olho e as secreções do aparelho digestivo.
Em caso de perda de sangue ou de líquido, accionam-se mecanismos que asseguram o transporte de uma parte do líquido intracelular para os vasos sanguíneos a fim de evitar a redução excessiva da tensão arterial.
As trocas de líquido entre as diversas partes do corpo e as trocas de substâncias (o sódio, o potássio, cloro, glicose, etc.) entre ambos os lados da membrana celular, com concentrações diferentes, obedecem às leis da osmose.
O equilíbrio hidro-salino é modificado pelo mecanismo de osmose, que se dá quando dois ambientes com concentrações diferentes estão separados por uma membrana. As trocas através da membrana permitem equilibrar a concentração de ambas as partes. É através da membrana celular, que se dão as trocas entre os vasos sanguíneos e as células, para que as substâncias nutritivas possam alcançar o citoplasma.
O impulso da tensão ou pressão arterial faz com que o líquido atravesse a parede dos vasos sanguíneos e leve consigo as substâncias nutritivas a absorver pela célula. Nos capilares, o líquido pode atravessar a parede vascular para fornecer às células as substâncias nutritivas essenciais. A célula, por seu lado, elimina um líquido rico em dióxido de carbono e produtos residuais para as veias.
A quantidade de líquido do organismo humano é regulada essencialmente pelo coração e cérebro. O hipotálamo, o coração e as paredes dos vasos sanguíneos estão providos de receptores que controlam a quantidade do líquido.
Uma parte dos líquidos do corpo é eliminada com as fezes, mas é principalmente através da urina que este processo acontece, os rins têm a capacidade de regular a quantidade de água eliminada na urina.
Quando os receptores detectam carência de água, desencadeiam mecanismos de sede sendo estas informações transmitidas aos rins por algumas hormonas, que respondem com a diminuição da produção de urina, mantendo a água no organismo. A urina torna-se mais concentrada, contém mais toxinas e produtos residuais, em menor quantidade de líquido.
A vasopressina e a HAD são as hormonas que, no caso da regulação hídrica, regulam a actividade dos rins. As glândulas supra-renais também desempenham um importante papel no equilíbrio hidro-salino do organismo.
Patologias dos Rins e dos Canais Renais
Todos os sistemas do corpo trabalham juntos para manter a saúde e proteger contra as doenças.
Cada sistema interage com os outros para auxiliar o organismo a funcionar como um todo. Quando acontece alguma alteração em qualquer um dos sistemas, não será só esse sistema o afectado, mas haverá também um desequilíbrio, um desvio de energia em todos os sistemas, instalando-se a doença.
Os rins são órgãos vitais muito complexos, susceptíveis de uma grande variedade de patologias e distúrbios que fazem com que algumas das suas funções sejam alteradas.
Como referi anteriormente, o sangue deve ser constantemente filtrado e são os rins que têm a função de o regular e purificar dos produtos residuais por ele transportados. Quando já não o conseguem fazer, fala-se em insuficiência renal.
Insuficiência renal aguda ou crónica é uma incapacidade do rim purificar o sangue em resultado de lesão do tecido renal ou de compromisso do seu funcionamento.
Os rins podem manifestar as consequências de uma hemorragia, de uma septicémia, de patologias cardíacas ou hepáticas. As patologias da bexiga ou da prástata que alteram a produção de urina, assim como a diabetes, também têm repercussões sobre os rins.
O tamanho dos rins, quando são pequenos, pode ser um sinal de mau funcionamento do órgão. Podendo também, uma forma anormal dos rins ser indicador de tumor ou malformação renal.
Congénitas e genéticas
As anomalias congénitas dos rins são muito vulgares. Um indivíduo pode nascer com os dois rins ligados pela base, ou apenas com um rim, ou com ambos os rins do mesmo lado, ou com um rim parcialmente duplicado tendo dois ureteres (rim duplo). Estas situações raramente causam problemas.
O rim poliquístico é uma doença hereditária grave na qual se desenvolvem numerosos quistos em ambos os rins.
Na síndroma de Fanconi e na acidose tubular renal (são raras), há anomalias subtis no funcionamento dos tubos renais, que faz com que certas substâncias sejam perdidas na urina.
Insuficiente fornecimento de sangue
Os pequenos vasos sanguíneos dos rins podem ser danificados ou obstruídos por patologias que causem a diminuição do fluxo sanguíneo. A diabetes melitus e a síndroma hemolitíco-urémica são exemplo disso.
No estado de choque a pressão e o fluxo de sangue nos rins ficam reduzidos o que pode causar necrose tubular aguda. Em raros casos, uma anomalia na artéria renal pode levar à hipertensão e a alterações nos tecidos.
Os vasos sanguíneos dos rins de maior diâmetro podem ser afectados pela poliartrite nodosa e pelo lúpus eritmatoso sistémico.
Patologias auto-imunes
A glomerulonefrite faz parte de um grupo de patologias, as auto-imunes, em que os glomérulos sofrem de um processo inflamatório muitas vezes consequência de uma infecção por estreptococos.
Distúrbios metabólicos
Os cálculos renais são comuns em pessoas de meia-idade. São muitas vezes causados por concentrações excessivas de substâncias ou por diminuição de inibidores da cristalização na urina. Na hiper-uricemia há tendência para a formação de cálculos de ácido úrico.
Tumores
Os tumores benignos do rim são raros, podem causar hematúria, embora a maior parte não provoque sintomas.
O carcinoma das células renais, o tipo mais comum de tumor maligno, aparece quase sempre em adultos depois dos 40 anos.
O nefroblastoma é um tumor que afecta principalmente as crianças com menos de 4 anos.
Infecções
A pielonefrite, ou seja a infecção de um rim que tem como factores predisponentes a obstrução do fluxo da urina no tracto urinário, levando a êxtase e consequente infecção. A causa pode ser um defeito do rim ou de um uréter, um cálculo renal ou ureteral, um tumor da bexiga, ou, no homem, hipertrofia benigna da glândula prostática.
A tuberculose renal é causada pela infecção, através do sangue vindo de qualquer parte do corpo, habitualmente dos pulmões.
Medicamentos
A ingestão de fármacos e as reacções do organismo a eles, podem causar uma doença renal aguda em que os tubos renais são os mais afectados, outros, causam danos directamente no rim. Os analgésicos e os anti-inflamatórios são alguns dos químicos que podem causar insuficiência renal e os antibióticos podem destruir os tubos renais, causando necrose tubular aguda.
Outras patologias e causas
Outras patologias podem atacar os rins, como a hidronefrose, que é o aumento do volume do rim causado por uma obstrução em qualquer ponto do aparelho urinário; o síndroma de esmagamento, onde a função renal é desregulada por proteínas (libertadas para o sangue por músculos gravemente danificados) que bloqueiam os mecanismos de filtragem do sangue.
Outros danos graves da doença renal são a síndroma nefrótico, onde há perda de grandes quantidades de proteínas na urina e grande acumulação de líquidos nos tecidos do corpo, e a insuficiência renal aguda ou crónica. A hipertensão pode também ser causa efeito de um distúrbio renal.
Principais sintomas de anomalia renal
Os sintomas mais gerais de anomalia no funcionamento dos rins e vias urinárias são o cansaço, falta de apetite, mal-estar geral com náuseas e vómitos, dor de cabeça, retenção de água, sangue na urina, produção escassa de urina, hipertensão, excesso de ureia, edemas, hematúria.
A dieta alimentar tem um papel relevante na prevenção e tratamento geral da patologia renal
A alimentação é um componente muito importante no tratamento da insuficiência renal.
Os doentes com insuficiência renal devem reduzir ao mínimo a ingestão de sódio (sal) e proteínas e de controlarem com regularidade os níveis de potássio, cálcio e fósforo, do organismo. As vitaminas e os aminoácidos essenciais são fundamentais na dieta do paciente com insuficiência renal.
Em qualquer tipo de plano nutricional a ser seguido, o sucesso dependerá de uma combinação equilibrada de nutrientes e de uma adaptação as suas preferências pessoais, porém é importante variar os tipos de alimentos e a maneira de os preparar, além de combinar as cores e os sabores.
Beber muita água, uma alimentação variada, com pouco sal e baixa em proteínas animais e produtos lácteos, com ingestão de verduras, peixe, frutas, sumos e alimentos frescos, são os alimentos mais aconselhados num regime de tratamento e prevenção da doença e insuficiência renal.
É muito importante ter em atenção todas as recomendações sobre a combinação dos alimentos tendo sempre em atenção a compatibilidade entre eles.
Não tomar drogas, não fumar, não beber álcool nem café, são conselhos que nunca poderemos esquecer. Este tipo de dieta é o aconselhado no tratamento da má formação renal, hidronefrose, tratamento e prevenção da estenose renal.
A policistose, os quistos renais simples não necessitam geralmente de qualquer tratamento, no entanto uma alimentação preventiva pode ajudar a estabilizar a doença.
Na uremia a diminuição da ingestão de proteínas na dieta é a base da terapêutica. Inicialmente, no decurso da doença renal, a diminuição da ingestão de proteínas ajuda a travar a velocidade de progressão da doença e mais tarde ajuda a evitar que a azotemia se agrave. Em caso cálculos renais, são vários os tipos de com que podemos deparar-nos, consoante a substância que está na origem da sua formação.
Cálculos de ácido úrico requerem uma alimentação fruto-vegetariana com o uso de sumo de limão que ajuda e promove a dissolução dos cálculos.
Cálculos de ácido oxálico requerem uma alimentação à base de vegetais que não tenham ácido oxálico como as azedas, tomates, espinafres, feijão carrapato, figos, cenouras, espargos, alface, frutas frescas e cereais.
Cálculos de fosfato de cálcio requerem uma alimentação sem alimentos ricos em cálcio e em fosfatos. É importante, para a eficácia da dieta, ter em atenção natureza química dos cálculos e dos alimentos.
O exercício físico é também muito importante, assim como a estimulação da pele e tudo o que active o metabolismo, melhora o doente e contribui para a prevenção dos cálculos.
Os Casos Especiais
No caso de Nefrose, quando a urina tem um conteúdo muito elevado de albumina, verifica-se uma carência de proteínas no sangue, pelo que se pode prescrever uma dieta com elevado conteúdo proteico e pobre em sódio para evitar a retenção de água, e reduzir os edemas.
No cancro do rim, além de todas as recomendações gerais, aconselha-se especialmente a não fumar cigarros, cachimbo ou charuto nem mascar tabaco. Evitar a exposição ao cádmio utilizado na galvanoplastia, no fabrico de ligas metálicas e nas soldaduras.
Na nefrite, todos os conselhos gerais deverão ser aplicados até que o volume de urina retome os valores próximos do normal, para isso é necessário eliminar o sal e beber água. No início, alguns dias a sumos de fruta seguindo depois um regime de frutas, caldos vegetais com bastante cebola e alho, legumes frescos e tenros, arroz, batata, gema de ovo, pão sem sal, etc. Na fase aguda da doença é essencial o repouso.
São alimentos proibidos a carne, peixe, grão, feijão, cogumelos, álcool, café.
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Tratamento Homeopático da Insuficiência Renal
Todos os estadios da insuficiência renal podem beneficiar com o tratamento homeopático.
São muitos os medicamentos homeopáticos que podem ajudar na insuficiência renal. O sucesso do tratamento depende não só do medicamento, mas também da regularidade da toma do medicamento e do cuidado diário do paciente em levar uma vida saudável e equilibrada.
Mesmo na fase final, quando o rim falha e a diálise renal (hemodiálise) está eminente, a homeopatia pode dar uma ajuda preciosa.
Além disso, a homeopatia também apresenta benefícios após uma operação de transplante de rim, ajuda a diminuir as possibilidades de rejeição do órgão.
Dependendo da gravidade da insuficiência renal, os medicamentos homeopáticos podem promover a reparação do rim, isto significa que o sucesso do tratamento de insuficiência renal com a homeopatia pode eliminar a necessidade de tratamento químico (alopático) para o resto da vida.
É importante lembrar que cada caso é um caso e como tal deve ser tratado. Todos somos diferentes e reagimos de maneira diferente tanto fisicamente como mental e emocionalmente.
Como se percebe pelo que escrevi nos parágrafos anteriores, a insuficiência renal é uma patologia complexa que está associada a uma sintomatologia muito diversificada.
Por exemplo, a hipertensão é um dos sintomas que muitas vezes acompanha a insuficiência renal. A hipertensão tanto pode ser a causa da insuficiência renal como a insuficiência renal pode ser a causa da hipertensão.
A patologia do rim é uma patologia perigosa que deve ser tratada e vigiada com cuidado.
Quando estamos perante um diagnóstico de insuficiência renal, é essencial uma anamenése profunda e cuidadosa do paciente, só assim será possível encontrar o medicamento adequado para prescrever em conformidade com o paciente e os sintomas que no momento apresenta.
No tratamento homeopático não são só as manifestações físicas (os sintomas) que o paciente apresenta, que o Homeopata precisa de conhecer para escolher o remédio, o Homeopata, também, precisa de conhecer o estado, mental e emocional do indivíduo a tratar.
A abordagem homeopática para o tratamento de qualquer patologia faz-se, tendo sempre em consideração a globalidade do indivíduo, ou seja o mental o emocional e o físico (os sintomas mentais, emocionais e físicos que o individuo apresente).
A Homeopatia Clássica, Unicista, trata a doença com um único remédio que corresponde precisamente ao paciente. Um remédio constitucional inerente ao indivíduo e ao sintoma.
Como já referi, para a Homeopatia a doença está sempre associada ao mental e emocional do indivíduo e claro está que a insuficiência renal não foge à regra.
Manuela Morgado - Homeopata

quinta-feira, 4 de março de 2010

Homeopatia e o Sono do Bebé e Crianças

O sono da criança é uma das maiores preocupações de todos os pais e muitas vezes um dos grandes problemas que os pais enfrentam, principalmente durante os primeiros anos de vida dos filhos. Também neste problema a Homeopatia pode dar uma ajuda preciosa.
O bebé dorme muito, dorme pouco, acorda durante a noite, não adormece sozinho, acorda a chorar, sobressaltado, só dorme na cama dos pais, estes são alguns, entre outros problemas que os pais enfrentam com o sono dos seus filhos.
Se há crianças que desde muito cedo dormem a noite inteira, também há outras que durante os primeiros anos de vida não deixam os pais descansarem uma noite seguida.
A criança necessita de dormir de fazer um bom sono. O sono é muito importante para o bom desenvolvimento da criança, tem um papel fundamental no equilíbrio mental e emocional, proporcionando um desenvolvimento harmonioso que se manifesta fisicamente na saúde da criança. Uma criança equilibrada é uma criança saudável.
Com a idade, as necessidades e os hábitos de sono da criança vão alterando e muitas vezes uma criança que em bebé dormia bem, quando mais crescida, pode tornar-se numa criança que dorme pouco e com muita dificuldade. O sono agitado, os pesadelos, a dificuldade em adormecer, são alguns dos problemas que podem aparecer nas várias fases do desenvolvimento da criança.

Quando o Bebé tem um Sono Normal

  • O sono do bebé até aos 3 meses (recém-nascido aos 3 meses)
Os bebés, durante os primeiros meses de vida, dormem muito mas nem sempre às horas a que queremos que durmam. Quando o bebé nasce e até cerca dos 3 meses, tem um sono muito irregular, é natural que acorde durante a noite várias vezes para comer, nessa idade ainda não faz distinção entre o dia e a noite. O relógio biológico e o ritmo do sono do bebé precisam de algum tempo para se adaptarem e regularizarem.
Quando nasce o bebé dorme em média entre 16 a 20 horas por dia. A partir do 1º mês, mais precisamente entre o 1º e o 2º mês o sono começa a regularizar. O bebé começa a fazer sonos mais longos durante a noite e a estar acordado mais horas o dia.
  • Entre os 3 e os 6 meses
A partir dos 3 meses, entre os 3 e os 6 meses de vida, é normalmente a idade em que a criança começa a dormir a noite inteira.
A normalização do sono tem a ver com o desenvolvimento do bebé, mas também é muito importante o comportamento dos pais, para que o bebé chegue mais depressa a este equilíbrio. Quando os pais estabelecem hábitos de sono saudáveis desde o início, como a hora de deitar, e seguirem uma rotina regular, será mais fácil para o bebé chegar a esta fase.
  • A partir dos 6 meses e até aos 3 anos
Com o crescimento, também a necessidade de dormir de dia vai diminuindo e varia de criança para criança.
Por volta dos 6 meses, mais precisamente entre os 6 e os 9 meses, a criança já faz noites de 11 horas e dorme 1 a 2 cestas diárias. Quando chega aos 3 anos e se todo o processo progredir normalmente, a criança dorme as noites inteiras e faz uma única cesta diária.
Quando o bebé dorme mal O primeiro ano do bebé é muito importante para a organização do sono, mas isso nem sempre acontece. Infelizmente, nem sempre, as crianças adquirem hábitos de sono regulares e as noites tornam-se num autêntico inferno para os pais.
É muito frequente, aparecerem em consulta, pais que se queixam que a criança quando dorme em casa dos avós ou dos tios ou até de algum amigo, dorme a noite toda sem dar problemas, acordando apenas à hora normal para comer e com eles, todas as noites são um tormento. Acorda a chorar, só quer companhia, colo e dormir na cama dos pais (se recordarmos, quando éramos pequenos, quantos de nós não suspirávamos por um bocadinho na cama dos pais……). Este é um comportamento, um hábito que a criança adquiriu, sem os pais se aperceberem e que vão ter dificuldade em alterarem.
A criança chora, os pais pegam-lhe, levam-na para a cama deles e, aí, ela dorme descansadinha, a noite inteira, tudo passou. Isto repete-se frequentemente nos primeiros meses da criança. Os meses vão passando, a criança cresce com esta rotina e quando os pais dão por isso têm uma criança de 12, 18 24 meses, ou mais, que só dorme bem na cama dos pais. A criança assumiu que é assim quer dormir quando está com os pais.
Durante o primeiro ano, é frequente as crianças acordarem durante a noite e várias vezes por noite. Os bebés recém-nascidos e por razões óbvias que acima referi, são os que acordam mais vezes.

Mesmo uma criança, que geralmente dorme bem, é quase impossível que uma noite ou outra não proporcione aos pais a ”experiência” de uma noite com alguns problemas, uma noite mal dormida. São vários os factores que podem perturbar o sono do bebé, desde problemas relacionados com a saúde como uma crise de cólicas, uma otite, tosse ou simplesmente o bebé não ter sono por ter dormido muito de dia (ter as horas de sono trocadas, como vulgarmente se diz) e ficar acordado até tarde exigindo companhia, são entre muitos outros, factores perturbadores do sono infantil. Na fase em que os bebés são pequenos, mesmo recém-nascidos, há pequenos “truques” que podem ajudar os pais a “educarem” os seus bebés, para que adquiriram hábitos de sono saudáveis.

Alguns conselhos que ajudam a criar hábitos de sono ao bebé

Para que o sono do bebé não se torne num problema, é essencial que desde muito cedo os pais estabeleçam regras e hábitos de sono. Além disso, quanto mais cedo o bebé começar a dormir sozinho mais tempo os pais terão para descansar e darem atenção um ao outro, o que muitas vezes é um pouco esquecido nesta fase da vida, e que infelizmente, é frequente provocar maus resultados no relacionamento do casal.
O bebé, que está habituado a adormecer ao colo da mãe e com companhia necessita de aprender a adormecer sozinho. Esta transição, para conseguir que o bebé adormeça sozinho, leva algum tempo e nem sempre é muito fácil e pacífica de resolver.
Para incutir bons hábitos de sono no bebé, é importante criar rotinas na hora de ir para a cama para ajudar o bebé a associar a cama e a noite ao sono. A pouco e pouco e com alguma firmeza da parte dos pais, a criança vai mostrando cada vez menos resistência à hora de ir dormir.
Falar com o bebé, com uma voz calma e suave antes de o colocar no berço, acalma-o e ele adormece mais facilmente, depois de ouvir a voz tranquilizadora do pai ou da mãe, durante algum tempo.
Embalá-lo um pouco pode ser outra opção, mas esta muitas vezes também traz maus hábitos.
Se o bebé esteve muito activo durante o dia e está muito excitado para ir para a cama, o que os pais podem fazer é colocá-lo no porta-bebés e andarem com ele, durante um bom bocado, antes da hora de dormir. Estar junto a um dos pais e ser ligeiramente embalado antes de dormir vai facilitar o adormecer do bebé.
Obviamente que lentamente os pais deverão começar a abandonarem estes pequenos “truques” e à medida que vão sendo retirados, o bebé aprenderá bons hábitos de sono, e tanto os pais como ele poderão dormir noites descansadas.

Problemas de sono em crianças pequenas (Insónias)

Não são só os bebés de meses que têm problemas com o sono, estes distúrbios também se verificam nos mais crescidos.
Nas crianças pequenas os distúrbios do sono estão com frequência relacionados com a angústia da separação. É quando acorda à noite que a criança tem consciência de estar sozinha, fica aflita e chora, não consegue dormir.
Outra causa também muito importante, nesta fase, são as alterações na estrutura da família que submetem a criança a uma grande tensão. As crianças podem não verbalizar, mas sentem que alguma coisa não está bem.
Outro factor também bastante comum são os medos e os pesadelos “os sonhos maus”. Muitas vezes, as crianças têm dificuldade em adormecerem porque têm medo dos sonhos maus, é frequente acordarem a gritar porque estão a ver bichos, monstros e uma quantidade de figuras imaginárias que os aterrorizam.
Quando se deitam, muitas vezes fazem-no apavoradas com os sonhos maus que podem ter nessa noite. Estes sonhos podem estar relacionados com a intensidade como elas vivem as histórias que lhes são contadas nas escolas, nos livros infantis que têm ou até mesmo nos filmes para crianças. As crianças entregam-se e envolvem-se nas histórias como uma espécie de crença mágica. A realidade e a fantasia não estão totalmente diferenciadas nas suas mentes e é por isso que, mesmo os contos de fadas podem originar “sonhos maus” nas crianças. Inconscientemente, a criança vive como se fosse realidade, uma história ou alguma figura imaginária que a tenha impressionado.
Como podemos verificar, são muitos e diferentes os factores que podem estar na origem do distúrbio do sono da criança.
Com frequência os pais comentam, com alguma preocupação e estranheza, que o seu filho não dorme durante a noite e de dia também não tem sono.
Na verdade, a falta de sono em crianças nem sempre causa sonolência durante o dia, pelo contrário, a criança pode apresentar outros sintomas como o de hiperactividade, dificuldade de relacionamento, irritabilidade e agressividade. Em geral, estas crianças têm dificuldade de se concentrarem quando interagem com adultos e na escola também são frequentes os problemas de relacionamento, quer com os professores ou educadores, como com os colegas.
Quando o distúrbio do sono passa a ser frequente e não há nenhuma causa física evidente, os pais devem estar atentos e ver se há algum factor emocional que esteja a perturbar a estabilidade psíquica da criança.

A Ajuda da Homeopatia no Sono da Criança

A Homeopatia pode efectivamente resolver os problemas relacionados com os distúrbios de sono da criança quando eles existem realmente. Quando realmente há algum problema e a criança tem dificuldade em adormecer ou ter um sono descansado, são várias as reacções e comportamentos que se podem verificar.
Por exemplo:
  • O sono agitado - A criança adormece e tem sonhos muito agitados que a fazem mexer muito, esperneia, chora a dormir, grita, geme, tanto está quieta como agitada, abana-se na cama, acorda e adormece…..
  • A criança não consegue dormir mas está calma na cama, fica de olhos abertos, em silêncio e indiferente …….
  • A criança tem medos e fobias, tem medo do escuro, diz que vê monstros, tem medo dos barulhos do vento, da chuva, das tempestades em geral……
  • A criança não quer ir para a cama, é frequente acontecer entre os 2 e os 6 anos de idade, · O bebé luta contra o sono. Parece que está a adormecer e de repente abre o olho como se estivesse muito desperto. Só adormece depois de muito cansado de “lutar” contra a vontade dos pais.
  • A criança acorda de noite, levanta-se, vai brincar e fazer actividades como se estivesse a meio do dia e não a meio da noite.
  • Estes são, entre outros sintomas e reacções, que a criança que não dorme bem pode apresentar, e que são de extrema importância. para o homeopata poder prescrever o remédio mais apropriado. Por isso, é muito importante que os pais observem bem as reacções dos filhos, como reagem, a que hora do dia pioram os sintomas, para na consulta poderem proporcionar ao homeopata o maior número de informações, sobre os sintomas físicos e emocionais que a criança apresenta.

Na Matéria Médica Homeopática encontramos muitos medicamentos que podem ajudar a tratar as crianças com problemas de sono e com comportamentos alterados em consequência da falta de descanso necessário para o equilíbrio mental e emocional da criança, mas como acontece com qualquer outra patologia, o tratamento homeopático é sempre individual.

Todas as situações devem ser analisadas individualmente e o medicamento será sempre dado à semelhança da pessoa.

Manuela Morgado - Homeopata